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MARX, K. ENGELS, Friedrich. A ideologia Alemã

RESENHA:
Fonte: www.picsearch.com

MARX, K. ENGELS, Friedrich. A ideologia Alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1989.     
      
      Marx e Engels foram amigos durantes anos. Tal parceria proporcionou a construção da obra A Ideologia Alemã, que chegou a ser rejeitada para publicação integral de seu conteúdo. Somente após um bom tempo da morte de ambos é que esta situação foi modificada, com publicações traduzidas em todo o mundo. 
      Os autores trabalham com dois conceitos (o de ideologia e o de consciência) e com a problemática da relação entre a realidade alemã e a filosofia alemã. Num debate com filósofos do grupo Jovens Hegelianos, Marx e Engels problematizam as formas de consciência e a relação dessas com a realidade concreta das relações sociais e demonstram que seria necessário partir de uma realidade empírica para buscar suas respostas, acreditando que a consciência não define a vida, mas que a vida a define (p. 94).
Desta maneira, afirmam que suas premissas não são doutrinas arbitrárias, sendo assim concretas e empiricamente constatáveis.
      No primeiro momento do texto tecem criticas, usando um texto satirico e irônico, a Ludwig Feuerbach e Bruno Bauer. Ao primeiro questionam o fato de não tratar a historicidade do existente. Para os autores, Feuerbach não percebe que o mundo não é uma coisa pronta e eterna, mas um produto da sociedade em constante mudança, “o resultado da atividade de toda uma série de gerações, que, cada uma delas sobre os ombros da precedente, desenvolveram sua indústria e seu comércio e modificaram sua ordem social de acordo com as necessidades alteradas” (pág. 30). Os autores sustentam que o modo como o Homem conduz a sua existência, provém dos meios naturais de interação que foram produzidos durante a história e pelo grau de desenvolvimento na nação alcançado pela divisão do trabalho, a qual este faz parte naquele dado momento. 
      Para explicar a realidade histórica, os autores relacionam as formas de propriedades a um estágio de desenvolvimento da divisão do trabalho e da forma de organização política, apresentando três formas diferentes de divisão do trabalho e de propriedade, onde cada uma sustenta maneiras diferentes de ligações entre os indivíduos, entre os indivíduos e os materiais e com o produto do trabalho:
 
      Propriedade Tribal - Etapa de produção primitiva e rudimentar, onde a população vive da caça, da pesca e da criação de gado, ou em casos excepcionais da agricultura. Este último caso subentende uma grande porção de terrenos não cultivados. A divisão do trabalho está ainda pouco desenvolvida, sendo em parte, similar à divisão familiar.
      
      Propriedade Comunal (Comunitária) e Estatal - A partir da união de várias tribos, formam-se cidades, por acordo ou conquista. Ainda existe a escravidão, mesmo com a divisão do trabalho já em desenvolvimento, encontrando-se o antagonismo entre cidade/campo, e mais tardiamente a rivalidade entre Estados urbanos e Estados campestres. Nas cidades encontramos o antagonismo entre indústria e comércio marítimo. A relação de cidadãos com escravos está inteiramente composta. Aparece pela primeira vez a concentração de propriedade privada e a transformação dos pequenos camponeses plebeus num proletariado;
 
      Propriedade Feudal ou propriedade por ordens. – Apresenta um estágio de desenvolvimento mais especializado com um regime de propriedade fundiária sustentada pelo trabalho dos servos e, nas cidades, pelo trabalho pessoal apoiado num pequeno capital e regendo o trabalho dos oficiais de aprendizes.
   
      Marx e Engels demonstram aqui que são sempre indivíduos determinados, com uma atividade produtiva que se desenrola de um determinado modo, que entram em relações sociais e políticas determinadas. Faz-se necessário que, em cada caso particular, a observação empírica mostre nos fatos, e sem qualquer especulação ou mistificação, o elo existente entre a estrutura social e política e a produção. Estrutura social e o Estado resultam constantemente do processo vital de indivíduos determinados; mas não resultam daquilo que estes indivíduos aparentam perante si mesmos ou perante outros e sim daquilo que são ira, realidade, isto é, tal como trabalham e produzem materialmente. Resultam, portanto da forma como atuam partindo de bases, condições e limites materiais determinados e independentes da sua vontade.
      A forma como descortinam a realidade, partindo de aspectos da vida social como produção dos meios de satisfação das necessidades da vida material, ou seja, a produção da vida, tanto a própria vida pelo trabalho quanto a dos outros pela procriação demonstra um dos aspectos da importância desta obra. Outro aspecto seria a explanação da questão da consciência existente no homem que se desenvolve e se aperfeiçoa em detrimento do aumento da produtividade, das necessidades e do crescimento populacional (P. 27). Marx e Engels explicam que este crescimento populacional também promove a divisão do trabalho e este só acontece de fato, quando há divisão entre o trabalho material e o intelectual, pois a partir daí, a consciência possui condições de se emancipar do mundo e de passar à teoria pura, à teologia, à filosofia, à moral e então o surgimento de uma força produtiva, de um estado social e de uma consciência.
      Assim, Marx e Engels partem dos pressupostos concretos, das relações sociais existentes para pensar as representações, as idéias, as formas religiosas, políticas e jurídicas criadas pelas sociedades. Associada à compreensão de consciência como produto social determinada pela historicidade vivida pelo indivíduo, os autores usam o termo ideologia para expressar as idéias ilusórias de que os seres humanos elaboram sobre suas relações assim como percebem na filosofia alemã que parte, segundo suas palavras, de idéias sem correspondência na realidade, produtos das relações sociais dicotomizadas. Desta maneira, Marx e Engels têm como premissas a própria humanidade, construtora e, diretamente, dependente do processo de desenvolvimento, fato esse efetivamente observável, em algumas circunstâncias, diferente do que é proposto pelos filósofos hegelianos.

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