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A realidade do professor na rede municipal: ainda há "energia"!

    Esta postagem foi motivada ao ler o texto da Janete Rodrigues em seu blog AlmaProlixa. Com o título Novas Práticas Sociais na Educação: por um ensino de qualidade e pelo resgate do prazer de lecionar, Janete exemplifica alguns dos maiores desafios dos professores nas escolas: resgatar a alegria de lecionar daqueles que a deixaram há muito tempo e não deixar que aqueles que ainda a tem, perca sua motivação durante o processo de atuação.

 
    Eu como professor da rede municipal, me deparo sempre com a apatia de meus colegas frente a novos desafios, tais como um projeto novo na escola ou até mesmo um curso para aprimoramento. Não os condeno! Esses "velhos de guerra" já vivenciaram a desvalorização do ambiente escolar até este se transformar em “depósitos de meninos”, em sua maioria deixada por obrigação (por uma bolsa financeira) ou simplesmente pelo fato dos pais não os aturarem. Quando digo aturarem não estou mentindo. Trabalhei todo o ano de 2009 na coordenação de turno em dois períodos na mesma instituição, e são inúmeros os pais que dizem aos berros não agüentar mais seus próprios filhos (na frente deles!) e ainda conseguem esbravejar culpando os professores por esta situação. Alguns chegam a ameaçar tirar seus filhos da escola, pois estes pais não "dão conta" (como eles mesmos dizem) de agüentar os desvios de condutas destes alunos e que é a escola que não os educa.


    Sempre haverá os recém chegados ao batente que conseguem animar alguns dos mais apáticos e mesmo assim, quando estes se dedicam a melhorar sua prática para alcançar o objetivo maior (o aluno!) são os alunos e/ou pais de alunos que jogam um “balde de água fria” em todos. São os pais que, sem respeito algum ao próprio filho, chegam gritando e xingando aos quatro ventos que querem “pegar” quem falou mal do(a) filho(a) e que estimulam o filho(a) a “espancar” estes que os xingam.  Estes pais que não procuram a escola para resolver problemas pedagógicos e vão diretamente ao professor, ameaçando-o por não “dar” uma nota “azul” para seu filho. São alunos que apresentam desvios de conduta de forma repetitiva e seus pais não reconhecem que seus filhos estão errados.


     Mesmo diante desta realidade eu acredito em mudanças para este ano. Tenho visto nos planejamentos nas escolas as quais faço parte do corpo docente, a preocupação com o repensar a prática na sala de aula, com o conteúdo a ser trabalhado, com as relações entre a comunidade escolar e ainda a preocupação com a violência. Entra, então, a busca de alguns gestores pelo entendimento do bullying e suas manifestações para informar os professores sobre o tema nestas escolas. Tenho ministrado palestras com o tema bullying em escolas estaduais e municipais neste período de planejamento, e me deparei com pessoas interessadas, com a “bateria” carregada de energia e de idéias para trabalhar o tema com os alunos. Com vontade! E isso me motiva. Ver que até os “Dinossauros” (como alguns colegas se intitulam na educação por ter muito tempo na rede) motivados a mudar uma realidade até então imutável. Esquecendo-se do pensamento de que alunos não mudam e se envolvendo em circunstancias desconhecidas. Temos que aproveitar estes momentos e mudar nossa prática no dia-a-dia, e não desanimar diante do desconhecido, mesmo que muitos se desanimem com o conhecido.


    Os desafios na vida do professor nunca vão deixar de existir. Fazer destes desafios o combustível para uma docencia efetiva e motivante na sala de aula é essencial para a construção de novas práticas sociais na educação.

Um comentário:

  1. É muito bom ter resposta de uma pessoa que vivencia a realidade da educação escolar pública no Brasil. Vejo seu post como complemento do que escrevi.

    Abraço,

    Janete

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